Silvâni Silva
Silêncio Profundo
Caminho em silêncio,
Com a serenidade aprendida,
Pois já me despedacei em fugas,
E a tristeza já pesou de tanto ais.
Hoje, na senda da humildade,
Alimento a certeza enigmática
De que tudo é nebulosa incerteza,
Neste labirinto, chamado vida.
Transmudo a solidão em solitude,
E a melancolia do anoitecer
Transformo em prelúdio que celebra
A arte reiterada de cada alvorecer.
A textura das flores, o sussurro do ar,
A âncora dos sonhos, o pulsar do coração,
O sentimento, a chuva que se funde ao rio,
Carregam um destino, um valor, um mistério.
Eis que viver pede por um escultor
Que modela, sabiamente, a argila
Com mãos talentosas e esperançosas,
Sob um ritmo confiante, sempre adiante.
É preciso coragem e destreza,
Tecer cada dia com singularidade,
Sentir o vazio, e o eco da existência,
Arrastar-se para a imensidão do oceano.
É preciso compreender a essência
Pois, toda alma chora e se refaz,
Um dia despedaça-se,
E no outro dia se encontra.
Pois, o abismo é a raiz da elevação,
A prisão é a valorização da liberdade,
O medo é o estímulo da bravura,
O vazio, a semente que germina o amor.
Assim, caminho em silêncio,
Sob a linha da dor e do riso,
Buscando as razões da minha existência
E o segredo guardado no abraço do infinito.
Silvâni Silva.